OBJETIVO DESSE BLOG

Este Blog foi desenvolvido a partir da
disciplina de Práticas Recretivas e Lúdicas do CESUCA - Faculdade Inedi, tendo o
seguinte objetivo:

- Possibilitar um espaço de interação entre profissionais da Educação preocupados com os aspectos lúdicos nos
processos de aprendizagem;

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quinta-feira, 3 de junho de 2010

Resenha do Filme "Narradores de Javé"

NARRADORES DE JAVE, UMA REALIDADE BRASILEIRA
Por Neiva Regina Martelli


O filme, Narradores de Javé direção de Eliane Caffé, mostra de forma alegre e despojada um drama brasileiro, que nessa história se passa num povoado ribeirinho no sertão baiano, mas que poderia acontecer em qualquer ponto de norte a sul, de leste a oeste desse país continental. Traz um relato do destino de uma cidade que tem sua população expulsa de suas casas pelas águas de uma barragem. Desoladas e vencidas, mais pela consciência da própria ignorância do que pelos avanços do progresso, partem com a certeza de que dessa vez precisam contar a história de suas vidas de forma diferente.
Javé é uma cidade perdida, no meio do nada, são velhas casas de madeira e barro, que se acotovelam lado a lado ao longo do rio, numa contemplação lânguida da vida que passa tão calma quanta essas águas. Sua população, na maioria adulta e analfabeta, nascida e criada na lida da lavoura e da pesca, conta as histórias da fundação da cidade conforme o que ouviram dos pais, e dos pais de seus pais.
A primeira cena do filme é num bar, também numa região ribeirinha, onde uma senhora aparentando sessenta anos ou mais, fica no balcão lendo um livro e sofre a crítica do filho (Matheus Nachetergaele) que lhe chama a atenção, observando com desdém que “depois de velha aprendeu a ler”, numa visível referência da inutilidade desse aprendizado. Esse é o ponto usado pela diretora Eliane Caffé para tornar a história de Javé algo muito importante para ser ouvido e analisado para que esses destinos não venham a se repetir. A narrativa de Zaqueu antigo morador de Javé, interpretado por Nelson Xavier, parte do princípio de que aprender a ler e escrever não é inútil como pode pensar aquele jovem, pois o destino de Javé foi desaparecer sob as águas porque seu povo era essencialmente analfabeto, não possuíam registro nenhum da sua história, contavam em prosa e verso os grandes feitos de seus antepassados mas não passavam de um “bando de analfabetos”, cujo destino foi colocado nas mãos da única pessoa que sabia ler e escrever e que em outro momento demonstrara falta de caráter, quando para movimentar a única agência de correios da região e manter seu emprego, escrevera uma série de cartas contando histórias mentirosas dos moradores da cidade.
Descoberto, foi expulso da cidade, indo morar há alguns quilômetros dali. Agora uma barragem seria construída e para que todo o vale não fosse inundado era preciso que tivessem algo de patrimônio que justificasse a manutenção da cidade, em detrimento ao empreendimento que traria benefícios para toda a região. A população conclui que a única coisa que possuem de valor patrimonial é a própria história da fundação da cidade. Mas é preciso muito mais que contar, é preciso escrever, documentar cientificamente. Buscam então Pedro Biá, personagem muito bem interpretado por José Dumont, o maior desafeto da população javenense torna-se o reduto de esperança de sobrevivência daquelas terras. Confiam a ele a missão de registrar como um dossiê todos os relatos que estão nas mentes dos moradores.
Desenrola-se a partir daí uma peregrinação de Biá pelas casas ouvindo as histórias de Indalécio e Maria Dina fundadores da cidade, mas cada morador conta do seu jeito, conforme seu entendimento e interesse. Inclusive na população quilombola, localizada junto às terras de Javé, a versão dos fatos toma formato da cultura africana, num testemunho de que não tendo nada escrito, nada registrado, as versões podem se modificar de acordo com a cultura do povo que a relata.
O personagem de José Dumont demonstra domínio de leitura e suas manifestações orais são impregnadas de ditos populares, comparativos jocosos e frases de efeito, colocando-se numa posição de superioridade com relação aos demais. Quando ouve determinada história cria sua própria versão dos fatos poetizando ou dramatizando referindo-se que “uma coisa é o fato acontecido, outra coisa é o fato escrito, o escrito tem que ser melhorado para dar vida ao acontecido”, mas na verdade suas versões bem como as originais não vão para o papel.
Podemos inferir que o domínio de escrita de Pedro Biá não estava no mesmo nível de sua oralidade, de sua capacidade de criar e narrar. Essa situação é muito comum mesmo entre realidades mais próximas a nós, pois muitas vezes conseguimos nos expressar fluentemente, mas colocar essas idéias no papel, dentro da prerrogativa da norma padrão de escrita, torna-se bastante difícil e muitas vezes, como no caso que estamos analisando, impossível.
O cinema brasileiro com Central do Brasil (Walter Salles-1998) onde em outro formado é retratado também a figura do letrado, dominando leitura e escrita, conduzindo os destinos dos analfabetos e iletrados, em Narradores de Javé (Eliane Caffé-2003) com Pedro Biá responsável pelos destinos de uma cidade inteira, e outros filmes que retratam de alguma forma essa realidade educacional, tem nos dado boas contribuições, para que possamos traçar alguns paralelos entre a situação de letramento do povo brasileiro e as questões político sociais, onde a educação sofre os reveses das políticas partidárias, dos programas de alfabetização em massa, que colocam o país num cenário de educação muitas vezes fora da realidade.
É possível fazermos uma analogia do Brasil, onde Pedro Biá é a elite dominante e o povo de Javé a população brasileira afastada dos bancos escolares, iludidas pelos programas que alfabetizam apenas para o voto, não o voto consciente oriundo de um saber, de um questionar e cobrar, mas o voto revertido somente em números, o voto de quem sabe escrever seu nome e identificar o nome do candidato.
Narradores de Javé é um filme de 2003, atual na sua produção, atual na sua história. Pouco divulgado porque não tem apelo comercial e não tem esse apelo porque conta uma história que se repete, pois a cada dia outros Javés são inundados pelo descaso e ignorância, outros Biás, envolvem, convencem, mas nada fazem de concreto e outros Zaqueus sobrevivem para contar a história e lamentar o destino.


REFERÊNCIAS
Filme Narradores de Javé – 2003 – Direção de Eliane Caffé, José Dumont e Nelson Xavier
Filme Central do Brasil – 1998 – Direção de Walter Salles, com Fernanda Montenegro, Marilia Pera, Vinícius de Oliveira. Indicação ao Oscar de Melhor Atriz e Melhor Filme Estrangeiro.
Metodologia e Prática da Educação de Jovens e Adultos – Professora Denise Madeira de Castro e Silva, aula do dia 05/03/2010 -

domingo, 28 de fevereiro de 2010

BONS RETORNOS!!!

Mais um semestre inicia, e com ele muita coisa nova.
Vamos desvendando os mistérios e os encantos de uma profissão que começa a se consolidar em nossas vidas.
Desejo a todos colegas e professores um semestre de muitas realizações e conquistas do saber, que juntos possamos exercer boas trocas de experiências e conhecimentos.

domingo, 10 de janeiro de 2010

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO

Matéria no Jornal Zero Hora do dia 09/01/2010 de Nilson Marinho, conta a história de Ludwig Nascimento Pires, considerado prodígio em 1996, quando aos 10 anos executava com maestria ao piano obras de Bach e outros gênios da música clássica. A mãe conta que tudo começou quando Ludwig aos 4 anos ouvindo a mãe dedilhar um minueto de Bach, pediu para tocar o piano e executou de forma surpreendente para a idade e por não ter tido treino prévio. A partir daí iniciou-se uma maratona de treinos, recitais, compromissos inclusive com a imprensa pois aos 10 anos foi feito uma bela reportagem nesse mesmo jornal sobre o prodígio Ludwig. Em 2000 fazia vestibular para o Depto.de Música da UFGRS e atrasou-se para última prova, e isso o revoltou de tal forma que abandonou tudo, a casa onde morava com conforto, a família que orgulhava-se de seu talendo e o incentivava, e renunciou inclusive o nome que considerava atrelá-lo a uma vida que não queria mais viver, passando a se chamar "Alex". Hoje vive no anonimato pelas ruas da capital, já foi visto vendendo CDs piratas para se sustentar. Essa história nos chama a atenção pois provavelmente desenhou uma trajetóra infantil sem infância, sem o momento do brincar do viver as suas imaginações, sem construir suas imitações da realidade adulta. A precocidade da manifestação de seu talento pode ter determinado uma vivência precoce de um mundo adulto, de ensaios,cobranças, fama, entrevistas, compromissos, não havendo para ser criança. Por isso é importante que tudo aconteça a seu tempo, que as crianças vivam com plenitude a sua infância, entreguem-se ao lúdico e a partir daí construam seus caminhos adultos.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O QUE É BRINCAR...

Brincar expressa a vida:
"As crianças e os animais brincam poeque gostam de brincar e é precisamente em tal fato que reside a sua liberdade" - Johan Huizinga (1980),

"O brincar está numa área intermediária de experimentação para a qual contribuem a realidade interna e externa, assim a criança pode relacionar questões internas com a realidade externa e torna-se capaz de participar de seu contexto e perceber-se como um ser no mundo" - Winnicott (1965).

http://www.viverserra-es.com.br/imagens/brinquedoteca_gr.jpg

sábado, 7 de novembro de 2009

A criança e o jogo

A CRIANÇA E O JOGO
Nos primórdios da nossa história os jogos não tinham nenhum valor pedagógico e só eram aceitos pelas escolas e pela família como atividades de recreação e confraternização sem qualquer valor educativo. Com a evolução dos estudos e conhecimento da criança como ser em formação e que deve ser tratado diferente do adulto os jogos e todas as atividades lúdicas, passaram a ser tratados como integrante dos conteúdos escolares.
Esse aporte a introdução das atividades lúdicas como parte de um processo de aprendizagem, encontra embasamento teórico em pensadores como Florestam Fernandes, Makarenko, Freud e Vygostsky, que consideram que o jogo quando bem orientado proporciona que a criança crie o seu próprio mundo, reordene suas idéias e assim compreenda o mundo adulto preparando-se para a vida.
Para Piaget o jogo é construção do conhecimento. Ocorre paralelo a imitação e mesmo proporcionando assimilação caracteriza-se pela predominância de acomodação. Fundamentalmente para Piaget a compreensão e aceitação do mundo adulto se faz através da fantasia das brincadeiras.
O jogo é um processo evolutivo juntamente com a evolução do desenvolvimento da inteligência na criança, daí a necessidade de que seja proporcionado à criança, ambiente adequado, bem como objeto que possa modificá-los e reproduzi-los de acordo com seu interesse e fantasia.
CLASSIFICAÇÃO DO JOGO - Os jogos se classificam em:
Os jogos de exercício é caracterizado pelas ações para satisfação das suas necessidades, age pelo simples prazer que essa ação proporciona.
Os jogos simbólicos predominante no período pré operatório, ações pelo prazer da ação mas com a utilização de símbolos.
Os jogos de regra, só faz sentido se houverem regras a serem seguidas e a satisfação se dá com o cumprimento das mesmas.
O JOGO E A APRENDIZAGEM NA CRIANÇA DE 0 a 6 ANOS
Para Wallon (1994) o estágio impulsivo emocional Está ligado à emoção e a afetividade com as pessoas e a interação com o meio. E o sensório motor a partir dos 3 anos utiliza atos motores para exteriorização do pensamento.
Para Piaget (1971) o conhecimento é construído desde a infância através da interação do sujeito com o ambiente onde vive. Enfatiza que todos passam pelos diferentes períodos de desenvolvimento e a agilidade dos avanços depende das características biológicas de cada um.
Vygotsky (1994) entende o sujeito na sua totalidade não separando o intelecto do afeto, e que o seu desenvolvimento se dá a partir da interação dialogada do homem e seu meio.
COMO A CRIANÇA APRENDE SEGUNDO JEAN PIAGET
Piaget, desenvolveu seus estudos a partir da observação das suas filhas, concluindo que a interação do indivíduo com o meio a qual está inserido é fator influente no desenvolvimento do indivíduo. Essa interação proporciona um equilíbrio e organização da inteligência humana e através dessa organização processa-se a assimilação e acomodação, num processo contínuo. Assim, o desenvolvimento humano dar-se-á a partir das interações mútuas entre o indivíduo e o meio.
A responsabilidade da escola é propiciar um ambiente favorável, além de estimular a interação do indivíduo com o meio que o cerca além de saber identificar as diferentes fases do desenvolvimento, para adequação de seus métodos e aportes estimuladores, reconhecendo que cada indivíduo tem seu próprio tempo de maturação. É importante também que a escola identifique o ambiente sócio econômico familiar, a que a criança está inserida, de forma que possa propiciar ambiente produtivo para o desenvolvimento da sua aprendizagem.